25 / 06 / 17

Síndrome de burnout: como passei por ela

Depois que publiquei um artigo sobre o depois da síndrome de burnout, recebi algumas mensagens privadas falando sobre a identificação que sentiram com meu relato sucinto. Resolvi então registrar neste artigo o que foi meu processo e porque decidi buscar o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional.

O que é a síndrome de burnout

Já li muito sobre a síndrome de burnout e citei neste post a melhor referência que encontrei sobre o assunto. Recomendo que você leia e faça uma análise bem racional antes de se auto-diagnosticar. Digo isso porque, diante de um ritmo profissional cada vez mais exigente e concorrido, é quase automática a associação de que uma crise de stress pode ser confundida com o conjunto de sintomas que a medicina caracteriza como síndrome de burnout.

Eu não sou médica ou psicóloga, mas posso assegurar que a síndrome de burnout é um grupo de comportamentos desencadeados após sucessivas crises de stress. De tanto se desgastar, o cérebro gera inúmeros alertas até que chega o esgotamento paralisante. Um ser humano, conhecido como ativo e multiprofissional, pausa. Tilt!

Como eu descobri que estava com síndrome de burnout

Como eu descobri que estava com síndrome de burnout

Estava em um momento profissional bastante delicado aos 27 anos. Partilhando da responsabilidade de fazer uma empresa se manter de pé em um mercado retraído, focava no negócio próspero como a única fonte de realização. Se a empresa ia mal, eu também ia.

No começo trabalhava pela manhã, tarde, noite e madrugada para cumprir os prazos estabelecidos. Vivia de maneira apaixonada para fazer o sonho se tornar realidade. Foram 3 anos dedicados ao crescimento do negócio e dos que nos ajudavam a levanta-lo. Raríssimos dias de descanso, mas todos alimentados pelo crescimento da empresa.

Até que o corpo falou. Comecei a ficar irritada com os mais íntimos, comendo pouco e insatisfeita ao considerar que meu esforço desmedido não estava gerando crescimento pessoal. A ausência de outras realizações pessoais e financeiras foi reduzindo minha energia e tornando o trabalho, antes minha realização, como um local incômodo e inadequado.

A pausa forçada

Junto com meus sócios propus trabalhar de casa por um período do dia, na ideia de continuar com a minha contribuição no negócio e buscar outras alternativas de realização. Tentamos desta forma por algum tempo até que os prazos que assumia iam sendo furados, tamanho era o esforço para realiza-los. Sentia ansiedade, sensação de contrariedade ao começar a tarefa e acabava me distraindo até a procrastinação tomar conta. Passei a dormir, acordar pra comer  (graças a minha maravilhosa mãe) e dormir de novo.

Mensagens trocadas, reuniões fora do horário do expediente e as mais sinceras discussões sobre meu estado de saúde. Preciso lembrar que eles eram meus amigos, antes de serem meus sócios. E junto com meus pais combinamos que eu teria férias de 1 mês, algo inédito naqueles 3 anos intensos. Fiz uma viagem para encontrar meu então namorado que havia se mudado de Maceió para São Paulo por uma proposta profissional. Foram 30 dias na cama, apenas com esboço de alegria quando ele chegava em casa.

Buscando ajuda

Buscando ajuda | Síndrome de burnout

De volta pra Maceió, mais um mês de casa. Ninguém sabia se poderia contar comigo no trabalho e eu vivia com a sensação de culpa por meu sentir irresponsável com meus sócios. Decidi, pela primeira vez na vida, que precisava de auxílio psicológico para lidar com a decisão mais difícil que viria a tomar. Tentativa 01: psicóloga indicou outro tipo de terapia. Tentativa 02: psicóloga louca. Tentativa 03: enfim deu certo.

Durante 4 ou 5 sessões, ao longo de mais um mês, revi minha vida de pequena adulta desde criança. Auto-cobrança excessiva, orgulho, perfeccionismo, as feridas do patinho feio resumidas na frase “eu preciso dar certo”. Em tão curto espaço de tempo, fiz uma catarse como nunca na vida. Decidi me propor uma nova reinvenção. Fiz algumas reuniões com amigos, colegas de profissão e com a minha família sensacional. Tomei a decisão de mudar para São Paulo e lá começar uma vida nova.

Meu então namorado se transformou no meu companheiro da vida e enfrentou comigo todas as boas batalhas que vieram. Em menos de 2 meses me coloquei no mercado. Até parece pouco, mas para quem se acostumou cedo a buscar a independência, a sensação de recomeçar do zero era pesada. Mas também foi combustível para superar a síndrome de burnout e todas as consequências emocionais, sociais e financeiras que ela me trouxe.

O recomeço após a síndrome de burnout

O recomeço após a síndrome de burnout

De lá pra cá, são mais de 2 anos. Os desafios continuam chegando diariamente. Sabe o que mudou? Minha determinação em jamais me permitir passar por isso novamente e evitar que outros colegas também passem. É como se eu tivesse agora uma cicatriz que me lembra de colocar minha saúde na frente para continuar entregando resultados de valor. Esta que foi minha fraqueza se tornou minha força. Quem diria!? Virou bandeira profissional, compartilhada com meus colegas, e motivo de realizar a gestão que pratico hoje.

Larissa Lima

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